Psicose antes de Norman Bates

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Com se sabe, Hitchcock teria tido interesse em dirigir Psicose (Psycho, 1960) para provar que conseguiria fazer um filme barato e lucrativo como tantos que estavam surgindo na época. Para isso contou com a equipe do seu programa de TV Alfred Hitchcock Presents (1955–1962).

Mais tarde ele diria também que se sentiu motivado pelo crime que acontece no chuveiro. Foi tão bem
sucedido financeiramente (Psicose conquistou a segunda bilheteria do ano ficando atrás apenas de Ben-Hur de William Wyler) quanto artisticamente, alterando os rumos do cinema de horror.

Assistindo à série produzida pelo mestre, percebe-se que além da técnica outros elementos foram reutilizados ou melhor desenvolvidos no cinema. Principalmente no episódio E Assim Morreu Riabouchinska (And So Died Riabouchinska, 1956 de Robert Stevenson) que estranhamente nunca é citado como referência a Psicose.

O roteiro do episódio é baseado num conto de Ray Bradbury que já havia sido adaptado ao rádio na década de 40. O ponto em comum principal com Psicose é justo a investigação do detetive (Charles Bronson) chegar a um ventríloquo (Claude Rains) enlouquecido que comete um crime reproduzindo a voz da amada morta, ou seja, ao invés de um corpo empalhado tem uma boneca com as feições da finada.

Gregg: Riabouchinska e Sra. Bates
Os créditos do roteiro do filme são de Joseph Stefano, inspirado no livro de Robert Bloch, que por sua vez, contava sobre a história real escabrosa. Mas as comparações são inevitáveis, como se deixassem a ideia de Ray Bradbury mais realista ou refinada ao trocar o criminoso ventríloquo que se comunica com a boneca por um psicopata que se comunica com o cadáver da mãe.

Uma das coisas que chama muita atenção para a similaridade entre as duas obras é justamente a voz da boneca, a tal Riabouchinska. É a voz de Virginia Gregg, um dos três atores a interpretar (de forma não creditada) a senhora Norma Bates no filme de 1960!

 Virginia Gregg seguiu no papel nas mal afamadas sequências de Psicose de 1983 e 1986. No episódio em questão de Alfred Hitchcock Presents ela adicionou um sotaque russo, mas claro, basta abrir a boca da boneca de madeira que a gente logo diz: “Ah lá, a Senhora Bates!”.

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