Versões muito distintas da mesma serial killer

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Esta é Martha Beck, enfermeira solitária que viu sua vida mudar ao fazer parte de um clube de correspondência amoroso no final da década de 40. Junto ao novo amor deu golpes em várias donas de casa igualmente solitárias, matou mais de 20, incluindo a filhinha de uma delas, de menos de dez anos de idade.

Esta é Martha Beck de Os Fugitivos (Lonely Hearts, 2006 de Todd Robinson), a mais recente versão cinematográfica da série de crimes que chocou a América. Por que raios acharam que Selma Hayek prestava ao papel?

A escalação de elenco mais furada de todos os tempos! A personagem baseada numa pessoa real simplesmente perde o sentido, ou motivação pra existir.

Dificilmente uma mulher belíssima e segura como a mexicana se sujeitaria a viver com um homem que ganha a vida se relacionando com outras mulheres. Daí ainda a se apaixonar e comungar de seus crimes é outro passo.

Esta é Martha Beck de Lua de Mel de Assassinos (The Honeymoon Killers, 1969 de Leonard Kastle). Shirley Stoler é ainda a melhor personificação da assassina, que assim como seu parceiro, acabou na cadeira elétrica, embora mal coubesse nela devido a seu peso, conforme a imprensa noticiou.

Irônica, repugnante, maléfica, antissocial e sem ninguém no mundo além do amor por correspondência. Tinha uma mãe idosa que abandonou num asilo ao ir morar com seu parceiro.

Repare que nas duas capturas tanto Hayek quanto Stoler estão na cama comendo guloseimas. Há pontos em comum entre os filmes, que não estão necessariamente ligados ao processo judicial e fique evidente que o de 2006 não se trata de um remake.

Apenas descrevem o mesmo caso policial, sendo que o anterior, embora não leve ao pé da letra a reconstituição de época e apele para encenações pouco realistas, parece muito mais fiel aos fatos. Ele é contado do ponto de vista da dupla dos criminosos, com momentos de extremo horror explícito.

O recente se emaranha numa investigação com tempo até pra draminhas pessoais dos policiais que só servem pra dissipar o impacto dos atos dos assassinos. Detetive John Travolta, um recém vivo às voltas com o filho adolescente que não chorou ao perder a mãe...

No final, nossa decepção com a absurda escalação de elenco se generaliza ao desperdiçarem um argumento tão interessante. Que já havia sido filmado de forma superior, com um orçamento muito menor.

A primeira imagem é um oferecimento Murderpedia.

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