Tango poibidão no país do samba

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O mundo ficou tão boquiaberto com o explícito Garganta Profunda (Deep Throut, de Gerard Damiano) quanto o implícito O Último Tango em Paris (Ultimo tango a Parigi de Bernardo Bertolucci) em 1972. O segundo tinha o pedigree da direção de um ex-pupilo de Sergio Leoni e a participação do super astro Marlon Brando.

Essa edição da Fatos e Fotos (disponível no Mercado Livre) provavelmente é de 1980, quando finalmente foi liberado nos cinema do Brasil com os devidos cortes. Laranja Mecânica (A Clockwork Orange) da mesma época também demorou pra sair aqui exatamente porque, conforme noticiado, havia no contrato uma clausula imposta por Stanley Kubrick que proibida a Warner de exibi-lo reeditado.

Antes disso, O Ultimo tango Em Paris virou motivo de fazer invejinha de quem podia ir pra Europa e assisti-lo. Madame (sim! Atravessar o Atlântico era coisa só pra madame) voltava de lá deslumbradíssima com o Louvre e o Marlon Brando em cenas picantes.

Enquanto isso, gerou páginas e páginas em jornais e revistas respeitáveis e outras nem tanto, explorando a sensualidade que ninguém podia ver, tornando-se, talvez, o filme mais comentado sem nunca ter sido visto. Exibido finalmente a partir de 1979, conseguiu um grande sucesso nas bilheterias, no embalo de longos anos debatendo o filme.

Inesquecíveis, e prova inconteste de êxito, os versos de Didi Mocó e Zacarias num quadro de Os Trapalhões de 1981 em que eles cantam “Papai Eu Quero Me Casar”. “Eu quero me casar com o Marlon Brando/ Com o Marlon Brando ocê não casa bem / Porquê papai? / O Marlon Brando amantegou a Maria Scheneider e depois vai amantegar ocê também.”

Nos Estados Unidos a revista Time contou que perdeu centenas de assinaturas e milhares de dólares de publicidade só por ter publicado fotos de Marlon Brando e Maria Schneider no filme. Mesmo na Itália, terra natal do diretor, o filme foi lançado apenas em 1975, mas suas cópias foram confiscadas uma semana depois por ordem da Justiça e Bernardo Bertolucci foi processado e condenado por obscenidade.

 Daí, agora um DVD de O Último Tango Em Paris jaz junto a amontoado de outros em saldão de hipermercado. Não há controvérsia que sobreviva ao tempo.

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