Vampiro marcado

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Filmagens conturbadas e sessões teste fracassadas só fizeram aumentar o charme de A Marca do Vampiro (Mark of the Vampire, 1935) tanto tempo depois. Remontado, há hiatos absurdos na narrativa.

Coisas que nunca são explicadas, como a marca de tiro na têmpora do Conde Mora. O papel de Conde Mora seria o retorno vampiresco de Bela Lugosi à direção de Tod Browning, após o bombástico sucesso de Drácula em 1931.

De baixo orçamento para os padrões MGM, o filme teria cerca de 80 minutos. Após os cortes, a duração foi parar em irrisórios 60 minutos, com personagens aparecendo do nada, e outros sumindo, com seus atores não creditados no início.

Algumas das sequências eliminadas seriam exatamente mostrando o passado do nobre com sua filha Luma, brilhantemente interpretada por Carroll Borland. Eles teriam tido um caso incestuoso, o que levou ela a cometer suicídio, assim como seu pai, com um tiro na cabeça.

Forte mas condizente com o horror. O diretor que já tinha encarado a fúria dos chefões da MGM por causa do fracasso do ousado Freaks em 1932, não tinha mais forças para impor sua versão.

Para ajudar na bilheteria, o nome de Lionel Barrymore ganhou destaque nos pôsteres e vem em primeiro nos créditos iniciais. Bela Lugosi é o terceiro, e só aparece na segunda tela, no topo do resto do elenco.

Isso porque filmes de terror demoraram a ser considerados produtos de primeira, embora muito populares nos anos 30. Barrymore, enfim, bastante consagrado, emprestaria dignidade à produção.

Lugosi, com apenas uma frase de texto em todo filme, tem o trailer todo pra si. Aparece falando diretamente para a câmera, ameaçador como a gente gosta.

A Marca do Vampiro, aqui na posteridade, pode não ser uma obra prima, mas ainda diverte. A trama tem uma viradinha quase no final que pode decepcionar, mas não é nada perto de todo o espetáculo de antes.

Após 75, preserva um raro clima sombrio capaz de ainda nos fazer sentir calafrios. Prova que se tornou um clássico, não um filme velho.


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