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Gatinhas e Gatões

E tive uma amiga com mãe sábia. Velha senhora católica, ouvia as maiores barbaridades que a filha havia feito na noite anterior com seus muitos coleguinhas em festas particulares. Só ouvia. Eram historinhas regadas a vinho e todo o hype vindo de Londres, devidamente filtradas pela fome de modernidade, típica do início da década de 90. Ficava calada ou falava o mínimo, talvez por gostar da confiança que a filha sempre depositou nela. "Mas até o Miguel? Como tá esse mundo!!!" Bem diferente da maioria que freqüenta tal religião, evitou qualquer julgamento a quem quer que fosse, muito menos à sua menina primogênita, que adorava nesses encontros berrar com um drink na mão:"À luxúria!". Jamais deixou de saber de tudo. Quando tinha oportunidade, tascava um nada bíblico "A língua é o chicotinho da bunda" e ponto. Muitos e muitos anos depois, esse ditado continua ecoando nos ouvidos deste escriba. De preferência quando preciso rever um dos meus conceitos. Claro que não sou como ela. E lá resisto a falar em alto e bom som o que acho disto ou daquilo? Como até os aborígenes já devem saber, né? Parece que toda a minha falta de apreço pela adolescência, nunca escondida de ninguém, está por um triz! Sempre achei uma estupidez que pessoas vindas ao mundo nos anos 80 levantessem a voz para mim. Simplesmente as evitava. Já ouvi e vi tudo o que elas poderiam me falar ou mostrar em melhor quantidade ou qualidade... Nem por esnobismo, mas por impaciência. Hoje sou praticamente obrigado a conviver na maioria com pessoas que nasceram até na de 90! E nem está sendo tão ruim assim. Como sou meio (!!!) distraído, notei que quase todo mundo à minha volta tinha bolinhas na cara... Acnase nelas! Recebi um convite para uma "balada" onde o mais velho deve ter perdido sua primeira dentição recentemente! Jogou o dentinho pra fada ontem! Assim como os de antes, acham que são os primeiros a tentar comprar Coca com o casco de Pepsi! Aliás, nem fazem idéia do que seja casco. Fico na minha, observando, não é sempre que há a oportunidade de se voltar a fases de nossas vidas em que não nos demos muito bem. Uma espécie de De Repente 30 às avessas. Estranho que, mesmo com a internet gritando e toda a oportunidade de se conhecer coisas musicais novas e boas, o som deles continue sendo aquela bobagem de ontem com guitarrinhas sujas escondendo o pouco talento. A falta de preguiça também continua não sendo um dos predicados dessa idade. Vinde a mim as criancinhas...

[Ouvindo: Yoko Kanno - Chicken Bone]

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